“Work (Hoops)”, do artista Atsuko Tanaka
Por mim passam muitas vozes mudas há tanto tempo,
vozes das intermináveis gerações de prisioneiros e escravos,
vozes dos doentes e desesperados e dos larápios e anões,
vozes dos ciclos de preparação e crescimento,
e dos fios que conectam as estrelas - e do útero e do sêmen paterno,
e dos direitos dos que são oprimidos pelos outros,
dos deformados e insignificantes e chatos e imbecis e desprezados,
da neblina no ar e besouros rolando bolas de estrume.
Por mim passam vozes proibidas,
Vozes dos sexos e luxúrias....vozes veladas, e eu removo o véu,
Vozes indecentes, esclarecidas e transformadas por mim.
Não cruzo os dedos sobre a boca,
Cuido bem dos meus intestinos tanto quanto da cabeça ou do coração,
A cópula não é mais indecente do que a morte.
Acredito na carne e nos apetites,
Ver e ouvir e sentir são milagres, como é milagre cada parte e migalha de mim.
Sou divino por dentro e por fora, torno sagrado tudo o que toco ou que me toca;
O odor dessas axilas é um perfume mais caro que uma oração,
essa cabeça mais cara que as igrejas, bíblias, e todas as crenças."
Fragmentos de "Folhas de relva", de W. W.
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