Fui almoçar. Normal - se isto não estivesse ocupando lugar de raridade nos meus últimos dias. (É que às vezes eu me perco nos fios do tempo e teço fomes intermináveis).
Mas o daí é que no restaurante (que, por sinal, tinha limonada grátis) passava um documentário sobre peixes - talvez achassem que isto ajudaria na fome e no peso do prato.
Muitas imagens. De mar e praia. Meu olho batia na TV, nos intervalos das garfadas, e via, a cada hora, um bicho do mar diferente. Era um documentário sobre a diversidade.
baleia
leão marinho
peixe palhaço
tartaruga
escafandrista
- As larvas de lagosta parecem fibra de vidro.
Era tudo tão bonito e azul que conclui mesmo que só podia ser inútil (não a lagosta, mas o programa, como este texto).
Num dos meus olhares para a tela: um desses bichos molengos de fundo de mar. Esponjoso, disforme, confundia o chão. O documentário contava sobre seu ritual de acasalamento. O bicho piscou algo que parecia um olho, deu umas voltinhas, recuou, voltou. A fêmea? Imóvel, agarradinha ao chão cinza cor-de-sua-pele.
- O macho tenta tudo o que é esperado de sua espécie e nada. É um peixe frio.
Então, eu achei que era comigo (já disse da minha mania de achar sentido?).
Aquele narrador falava comigo e minha pele cinza e minhas voltinhas.
É que eu já fiz isso e nem sou macho. Nem peixe.
Digeri tudo aquilo com humilhação.
Mas talvez fossem só peixes.
ESTUDANDO E TRABALHANDO:
Há 5 anos
:) Cê tá afiada!
ResponderExcluir....curiosa....
ResponderExcluirVocê é bióloga?