ciropédia ou a educação do príncipe
You find my words dark? Darkness is in our souls, do you not think? (James Joyce)
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A Educação do Príncipe em Agedor começa por um cálculo ao coração. Jogam-se os dados, puericultura do acaso e se procura aquela vértebra cervical de formato de estrela ou as filacteras enroladas no antrebraço direito: sinal certo do amor.
Em Agedor o Príncipe é um operário do azul: de suas mãos edifica - infância - as galas do cristal e doura o andaime das colméias: paz de câmaras ardentes.
O Preceptor - Meisterludi - dá o tema: rigor! As matemáticas: cáries de uma série gelada. Linguamortas: oblivion sangrando a raiz dos árias: ars. Linguavivas: amor.
O Príncipe, desde criança, é um aluno do instinto. Saúda as antenas dos insetos. Ave! às papilas papoulas e à clorifila - salve! tornassol das espécies sensíveis.
[...]
Ele orienta as abelhas. Ele irisa as libélulas. Ele entra o palácio dos corais e suspende os candelabros.
À hora dos deméritos o Mestre diz: Rigor!
Infância do Príncipe: água de que se fartam infinitas crianças.
(Haroldo de Campos, 1951)
e tem mais assim:
"O Príncipe aprende a equitação do verbo. As palavras ódio e amor nada significam em Agedor - pois significam tudo."
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Well... vejamos... eu poderia dizer que...
Fiquem à vontade!