20 de nov. de 2009

muitas sombras

Muitas sombras.
- Sombras?
- Isso mesmo que você entendeu.
E eu tinha entendido fantasmas. Fantasmas pela floresta. Manchas brancas. Fumaças fortíssimas, tocáveis. E era.
- Não se separem, em hipótese nenhuma.
Os fantasmas ativariam em nosso âmago uma vontade de se perder, de se afastar uns dos outros.
A única salvação era ficarmos juntos. Puxei todos para perto de mim, para o centro do caminho.
Suor, cansaço.
Medo demais.
Além de ser mais forte que a vontade de me perder, precisava também fazer força para que os outros se esforçassem. Puxei golas, braços, ombros: fiquem. Era difícil manter o grupo na estradinha de terra.
Os fantasmas giravam no entorno, eu os via (ainda não era com os olhos, em breve seria).
- Protejam a cabeça. Arrumem o sentido. Os fantasmas lançarão fumaças. Pedras de ar, trouxas impalpáveis, volumes abstratos. Protejam a cabeça. Não recebam nada que vier deles. Novamente algo no estômago irá reluzir, borbulhar. O âmago será ativado. Haverá uma vontade fervente de olhar, receber, aceitar. Não olhem, não aceitem, não recebam. Protejam a cabeça. Com as duas mãos. Não recebam nada dos fantasmas. Só haverá saída, se protegerem a cabeça. Só haverá saída, se protegerem a cabeça. Protejam a cabeça.

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