1 de mai. de 2010

o que eu sei

Senhorita Rita acordou com uma grande vontade de dizer: Não sei. Assim, a tudo que lhe perguntam, ela passou a responder: Não sei. Muito melhor do que sim, esta tal palavra com a qual as pessoas finas elegantes sinceras têm afinidade. Muito melhor do que não, essa outra que pode ser irreversível. Não sei.

- Você quer sorvete?
- não sei.
- você gosta de mim?
- não sei.
- você está me ouvindo?
- não sei.

Por que ela deveria saber, coitadinha? se ela é humana? Por que ela deveria saber, pobrezita? se ela não é Deus. Por que não se juntar aos filósofos do só sei que nada sei? Por que responder de imediato às urgências do mundo? Não sei.
E desde então, Senhorita Rita não faz mais escolhas. Come se a comida estiver no garfo - caso o garfo esteja em suas mãos e a fome lhe levar para o prato. Dorme quando encontra cama no caminho. Toma banho se este for o destino de seu corpo. Acaricia os gatos que lhe pularem no colo (veja bem: suas mãos são sempre lisas). Lê o que os olhos encontram em seu curso dentro do globo (ela também fecha os olhos, você já viu). Dança quando escuta música. Beija quando encontra lábios vermelhos. Ou quentes.
Mas se tiver que decidir... ela dirá a verdade:
- Não sei.

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