Numa quadra de basquete, eu desafiei um jogador gigante. Um negro forte e alto, que obviamente se mostrou indiferente ao fato de jogar comigo. Como era impossível jogar com ele, reuni um grupo de outros jogadores (idades, gêneros e alturas diversificadas) para serem do meu time.
Ficávamos correndo desesperadamente e ele se movia tranquilo, sempre na borda da quadra. Cheio de superioridades. Taticamente, para seu desgaste ser ainda menor com o bando frenético e barulhento, ele passou a jogar a bola num ponto em que nós não conseguíamos pegar. A bola estava sempre numa velocidade superior a nossa - à minha especialmente, já que eu liderava a equipe acelerada. Então ia para fora de campo, e ele, como era jogador único de seu time, sempre dava a saída da bola, sempre estava com a posse da bola. Não corria, não entrava em contendas físicas, não suava. Nossa situação era: ver, exautos, bolas passarem por sobre nossas cabeças e sairem rolando para fora da linha. Corríamos atrás, mas ele as pegava do outro lado, tranquilo. Por um momento, pensei em questionar as regras, mas não havia regras. Só havia ele e meu time. Colocaria todo o meu time para protestar a injustiça de jogar com uma sumidade dos esportes? Todo mundo estava ali porque queria, aceitava. Se não, era só ir embora, simples assim. E, claro, havia ainda uma solução que eu não dei conta de colocar em prática: eu poderia parar, respirar e olhar fundo nos olhos dele, com toda aquela calma que eu admirava e queria. Absorver aquilo que fazia dele o gigante que ele se mostrava.
Mas não fiz isso. E não havia propriamente jogo, nosso time não tocava na bola. O adversário se mantinha no nosso campo, cada vez mais próximo da cesta, ainda com a vantagem de conseguir fazer pontos a partir de uma distância enorme.
Por um momento, consegui pegar a bola, mas fiquei tão atrapalhada que corri na direção errada, tropecei, hesitei, errei a mira. Ele a recuperou num respiro.
E continuou nas bordas, continuou mandando a bola fora do nosso alcance, continuou dominando no nosso campo.
Era um hábil jogador. E eu, simplesmente uma mulher. Sentia-me como se estivesse fora de meu território e quisesse a todo custo provar habilidades que eu não tinha.
Ficávamos correndo desesperadamente e ele se movia tranquilo, sempre na borda da quadra. Cheio de superioridades. Taticamente, para seu desgaste ser ainda menor com o bando frenético e barulhento, ele passou a jogar a bola num ponto em que nós não conseguíamos pegar. A bola estava sempre numa velocidade superior a nossa - à minha especialmente, já que eu liderava a equipe acelerada. Então ia para fora de campo, e ele, como era jogador único de seu time, sempre dava a saída da bola, sempre estava com a posse da bola. Não corria, não entrava em contendas físicas, não suava. Nossa situação era: ver, exautos, bolas passarem por sobre nossas cabeças e sairem rolando para fora da linha. Corríamos atrás, mas ele as pegava do outro lado, tranquilo. Por um momento, pensei em questionar as regras, mas não havia regras. Só havia ele e meu time. Colocaria todo o meu time para protestar a injustiça de jogar com uma sumidade dos esportes? Todo mundo estava ali porque queria, aceitava. Se não, era só ir embora, simples assim. E, claro, havia ainda uma solução que eu não dei conta de colocar em prática: eu poderia parar, respirar e olhar fundo nos olhos dele, com toda aquela calma que eu admirava e queria. Absorver aquilo que fazia dele o gigante que ele se mostrava.
Mas não fiz isso. E não havia propriamente jogo, nosso time não tocava na bola. O adversário se mantinha no nosso campo, cada vez mais próximo da cesta, ainda com a vantagem de conseguir fazer pontos a partir de uma distância enorme.
Por um momento, consegui pegar a bola, mas fiquei tão atrapalhada que corri na direção errada, tropecei, hesitei, errei a mira. Ele a recuperou num respiro.
E continuou nas bordas, continuou mandando a bola fora do nosso alcance, continuou dominando no nosso campo.
Era um hábil jogador. E eu, simplesmente uma mulher. Sentia-me como se estivesse fora de meu território e quisesse a todo custo provar habilidades que eu não tinha.
"E, claro, havia ainda uma solução que eu não dei conta de colocar em prática: eu poderia parar, respirar e olhar fundo nos olhos dele, com toda aquela calma que eu admirava e queria. Absorver aquilo que fazia dele o gigante que ele se mostrava."
ResponderExcluirMuito chique!