20 de mai. de 2010

além da cidade dos homens

LOUCO, O
De todas as imagens do jogo do Tarô, eis a mais misteriosa, a mais fascinante, portanto, e a mais inquietante. Diferentemente dos outros arcanos maiores, numerados de um a vinte e um. O Louco não tem número. Ele se coloca, portanto, de fora do jogo, isto é fora das cidades dos homens, fora dos muros. Ele caminha apoiado em um bastão de ouro, na cabeça um boné da mesma cor, parecido com o cesto que simboliza a loucura; suas calças estão rasgadas e, sem que ele pareça se dar conta, um cachorro, atrás dele, agarra o tecido, deixando aparecer a carne nua. É um louco, concluirá o observador, abrigado por trás das seteras da cidade. É um Mestre, murmurará o filósofo hermético, notando que o bastão, em cuja ponta ele carrega uma trouxa, sobre o ombro, é branco, da cor do segredo, cor da iniciação, e que seus pés calçados de vermelho se apoiam firmemente sobre um chão bem real, e não sobre um suporte imaginário. Sua sacola está vazia, mas é cor-de-rosa, como sua coxa e como o cachorro que tenta agarrá-lo: símbolos da natureza animal e de posses, com as quais não se preocupa. Por outro lado, o ouro do conhecimento e das verdade transcendentais é a cor do bastão sobre o qual ele se apoia, da terra sobre a qual ele caminha, dos seus ombros e do seu cabelo. E acima de tudo, ele caminha, isso é o importante, ele não vaga errante, ele avança.
[...] ele caminha na frente, com uma evidência solar, sobre as terras virgens do conhecimento, por além da cidade dos homens.
(Gherbrant & Chevalier. Dicionário dos símbolos.)


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