2 de mar. de 2010

sabão neutro

hoje tomei a decisão:
frear o êxtase
o ápice

parar a maravilha
no ar, condensada

Agora
quando surge qualquer sementinha de felicidade sem limites
risos orgiáticos
boca aberta
olhos que ocupam têmporas
adrenalina no sangue
sabor de esôfago no riso
moleza de articulação
quadris de dança
respiração curta

eu digo: não

não
não é o catolicismo dos meus avôs que desatinou em mim
não
não é penitência de monge
não
não é enegrecimento pessimista

é para ver se o revés, a tristeza, não ultrapassa
é para a compensação
contrabalanço
é para ficar triste só devagarinho
pouquinho
sem chegar no fundão

viverei assim: sem apoteose e sem fundão

tenho medo do fundão

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