6 de mar. de 2010

No meio dos cults

No meio dos cults, eu jogava bola.
Oh, os cults eram legais e me aceitavam.
Na verdade eu tinha ido nadar, mas não sabia que naquele horário a psicina estava vazia. Entrei, de toca, na piscina sem água.
E começaram os jogos, vários jogos, com os cults barbudos e as moças de lacinhos.
Corrida, dança, jogos teatrais.
Sentia muita saudade dos jogos teatrais, atividades de corpo. Eu era boa naquilo. Mas, mesmo estando ali, participando de tudo, ainda não era do grupo (claro, era a primeira vez que eu ia). Eu tinha entusiasmo, e esse talvez fosse o problema, mostrar entusiasmo é natural demais. não é cult. Era preciso assumir um ar "tô nem aí para essa atividade, pela dança, pelo corpo, pela arte, mesmo sendo legal". E eu estava bem feliz. Na verdade, eu sabia que nunca seria do grupo, por mais que tivesse lacinhos e blusinhas verdes.
Distribuiram papeizinhos e disseram que era para fazer poesia. O tema: primavera. Agora a gente ia compartilhar nossa habilidade de explorar a linguagem verbal. Primeiro eu pensei: Acho que sei fazer poesia.
Um menino de óculos e barba bem preta falava um poema em inglês, ao som de guitarra (bem esterótipo de cult), com a voz nasalizada e irritadiça. Repetia, repetia e não tinha nada a ver com primavera. Apurei o ouvido e não se falou nem em flores nem em flowers.
Eu não entendia as regras do jogo (ninguém teve a delicadeza de me explicar). Quem era daquele grupo simplesmente sabia as coisas, não se explicava. Explicar regras? Eu deveria depreendê-las da situação. Não entendi se tínhamos que improvisar, se era pra escrever e ler, se era para ler o texto dos outros. Fiquei observando. As meninas me olhavam como se eu tivesse algo de rival.
Senti vontade de não falar nada. Não queria ler nada, especialmente porque eu queria falar de delicadeza, e aí ninguém ia gostar. Pensei em arranjar uma imagem de flores destroçadas, lembrei de flores que foram pesadas para mim... mas tudo soava clichê, e eu tive medo. Optei por não apresentar nada e talvez não voltar mais naquele espaço, onde eu adoraria me sentir bem, porque eles faziam uma coisas bem legais.

Um comentário:

  1. queria era ver seus sonhos no dvd lá de casa :)
    quanto mais leio deus sonhos, mais desejo que o meu se realize.

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Well... vejamos... eu poderia dizer que...
Fiquem à vontade!