20 de nov. de 2010

tristeza

primeiro acendi uma vela e pedi a tudo o que fosse luminoso: que o sofrimento, dessa vez, fosse menor do que o de antes!
lavei todos os copos e roupas sujas para ocupar as mãos com água e esquecer um pouco dos olhos e do coração tão úmidos naquele momento
senti-me tão seca, resolvi beber água
(vontade de quebrar o copo com as mãos e sentir o meu sangue
só pra lembrar que isto é a que chamam vida)
fui para o quintal e arranquei todos os matos ferozes
me arranhei muito e senti todo meu suor
- essas coisas que também fazem parte do que se chama vida
abracei-me ao pé de laranja justamente porque são seus arbustos cheios de espinhos,
ou seja, mais sangue, a escorrer-me por todo tronco e vestido de seda
vi que os bichos de estimação poderiam estar querendo algum amor que viesse de mim, mas ali estava - logo ali - o pacote de ração e sua realidade sorrindo ao lado

só me restou lavar o rosto e fingir força por mais uma vez
sim - eu continuo viva: eis o sangue escorrendo.

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