14 de fev. de 2011

a feia

Hoje saí andando pelas ruas com uma cara de tá bom eu aceito que não sei o meu destino. Mas era uma cara misturada com uma outra cara de não me conformo por não ser eu quem controla tudo e define a hora certinha de acontecer todas as felicidades e nenhum problema, mas aceito o meu destino e já entendi que nada de bom vai me acontecer hoje. Andava com esta cara, e parecia alguém triste e admirável. Sim, eu era um tipo lastimável andando pelas ruas, mas devia ser uma cara bem interessante esta que eu fazia, porque os homens (principalmente) me olhavam muito e não me olhavam a bunda como costumam fazer mas a cara, a tal cara de aceito o destino mas na verdade não aceito porra nenhuma. Me olhavam e eu me gabava por dentro, como se tudo isso dissesse para mim, que, sim, eu cheguei a algum lugar respeitável. Certamente a tal cara devia ser deste tipo de mulher eleita como a ideal, algo como a ideia que se tem de Grande Dama: solene, discreta e triste. Essa categoria que os homens adoram, especialmente se vestirem rosa claro e renda. Essas que habitam altos níveis de idealismo e que são do tipo bezerrinho ou flor, sem genitália. Daí que eu concluí, que, hoje, mesmo sob tantos olhares, eu estava feia, muito feia. A mais feia.
E, numa gargalhada, mudei de cara.

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