28 de fev. de 2011

apenas

Toda vez que digo, cheia de orgulho, "eu tenho razão", eu me sinto mó He-man, como se estivesse dizendo "eu tenho a força", daí me dá uma tristeza, porque eu queria mesmo me orgulhar de dizer "eu tenho a emoção", mas isto soaria como: "pelos poderes de Greyskull, eu sou só um ser humano". Ou, como diria aquela música, "eu sou apenas uma mulheeeeer".
Hum... vou já pesquisar mais sobre a She-ra.

impressões que tive em um museu

seda também pode envolver chumbo,

e a música pode te deixar muito triste

o que é bom



vermelho parece a minha casa

e quando pisamos em vidro podemos dizer:

que cerca é essa que me prende tanto e me priva

de dizer, de fazer, de só ir?



por dentro das paredes há mais do que só cimento argamassa e gotas de suor

mais muito mais:

toda a história pregressa da humanidade, desde a formação da carne

e toda vidência de futuro, nas ranhuras daquela superfície


os anjos fadados a não envelhecerem

se enchem de horríveis ruínas

interferências em sua pele azul de azulejo


papel é mesmo coisa muito agradável ao toque

parece mulher



e o que seria de nós se fôssemos apenas pés e coração?

26 de fev. de 2011

a mulher perfeita que tudo dá ao homem

No complexo de Don Juan, a imagem da mãe - a imagem da mulher perfeita que tudo dá ao homem, e que não tem nenhum defeito - é procurada em todas as mulheres. Ele procura uma mãe-deusa, portanto, cada vez que se apaixona por uma mulher, mas logo descobre que ela é um ser humano comum. Por ter sido atraído por ela sexualmente, toda a paixão de repente desaparece e ele decepciona-se e a deixa, apenas para projetar a imagem novamente em outra mulher, sempre repetindo a mesma história. Eternamente sonha com a mulher maternal que o tomará nos braços e realizará todos os seus desejos. Isto é frequentemente acompanhado pela atitude romântica da adoslescência. (Marie Louise von Franz)

14 de fev. de 2011

a feia

Hoje saí andando pelas ruas com uma cara de tá bom eu aceito que não sei o meu destino. Mas era uma cara misturada com uma outra cara de não me conformo por não ser eu quem controla tudo e define a hora certinha de acontecer todas as felicidades e nenhum problema, mas aceito o meu destino e já entendi que nada de bom vai me acontecer hoje. Andava com esta cara, e parecia alguém triste e admirável. Sim, eu era um tipo lastimável andando pelas ruas, mas devia ser uma cara bem interessante esta que eu fazia, porque os homens (principalmente) me olhavam muito e não me olhavam a bunda como costumam fazer mas a cara, a tal cara de aceito o destino mas na verdade não aceito porra nenhuma. Me olhavam e eu me gabava por dentro, como se tudo isso dissesse para mim, que, sim, eu cheguei a algum lugar respeitável. Certamente a tal cara devia ser deste tipo de mulher eleita como a ideal, algo como a ideia que se tem de Grande Dama: solene, discreta e triste. Essa categoria que os homens adoram, especialmente se vestirem rosa claro e renda. Essas que habitam altos níveis de idealismo e que são do tipo bezerrinho ou flor, sem genitália. Daí que eu concluí, que, hoje, mesmo sob tantos olhares, eu estava feia, muito feia. A mais feia.
E, numa gargalhada, mudei de cara.