20 de mai. de 2009

Senhorita Rita anda descobrindo o que quer


Senhorita Rita tem 21 anos, e sabe que a soma desses dois números é 3, estágio em que se encontra, num total de 7. Chegar ao 7 ela sabe que é difícil, dependeria de uma vida que é além de sua existência.
Muita sabedoria, sabedoria que talvez não caiba numa linha de vida.
Já fazem 5 anos que Senhorita Rita tem 21. Amanhã comemoraremos seu aniversário, com bolo de cereja, cherry. Se bem que há sempre os maracujares e suas flores. E os manjares e seus brancos. Mas isso é amanhã. Só amanhã.
Não se sabe ainda a idade que Rita fará. Esperemos a lua da madrugada...
Mas ela anda descobrindo o que quer. E, pasmem, não se trata de massa, de nenhum gênero ou tamanho.
Mas ela quer.
E eu digo que é um carinho que seja feito como afago no ponto exato de suas têmporas, quando ali já é espaço dos cabelos. Na linha do limite. Sim, isso ela quer muito, pois parece que só essa exatidão do afago acalmará o que se passa no cérebro, às vezes nomeado como alma.
Ela quer um sumidouro ouro ouro ouro.
Ela quer uma risada branda, despertada do ponto mais abaixo do esôfago pelos dons da maravilha.
São seus tesouros.
Ela quer olhar plácido.
Ela quer um silêncio repleto.
Ela quer músculos descontraídos em seus ombros.
Percebem a transição?
Já estamos quase no quarto, falo dos estágios.
Sem consultar horóscopo nenhum ela sabe que sua cor é rosa-alaranjado. E faz questão de usar vestidos azuis, para a harmonia das cores.
E há mesmo harmonia das cores, pois algo resplandece em seus sonhos, e uma memória infinita lhe mostra que a sua memória também tem um cantinho neste espaço de infinitude.
Um cantinho no espaço da infinitude lhe faz feliz e amena. Não há mais grandes olhos cheios de um coração devorador de infinitos. É só um canto, espacinho dos olhos onde pode muito bem caber uma lágrima. Oh, que infinitos podem refletir uma lágrima. Dizem isso por aí, mas o reflexo não cabe nos olhos, é importante saber, ele sai, porque é luz.
Também alheia ao zodíaco, ela sabe da sua pedra turquesa, sorte de seu signo. E por isso construiu, sozinha, um sobrado de ametistas. Demorou 9 anos e ficou lindo, fui ver a obra ontem.
Senhorita Rita está feliz, hoje, vésperas de seu aniversário. Faz um ano que não sentia isso.
Além disso, tudo está indo tão bem e tranqüilo que depois de amanhã ela terá um encontro amoroso - mas não se sabe, ainda, se há amor.
Ela sabe muito bem que se houver amor, o amado lhe entregará, em um papelzinho, três gramas de ouro. E se houver amor, ela deverá soprar o pó de brilhos para que eles alcancem as estrelas.
Se não houver amor, esta senhorita se prepara para esperar mais um ano, ou dezoito.
Não tenham pena. Não é o caso: Não se trata de uma espera de esposas marítimas, helenas, penélopes. Enquanto espera, há as luzes repletas de cidade, seus néons e abismo. Distrações. Mas é espera, irmã dos bordados longos e dos cabelos de crescimento constante.
É isso: hoje, no dia de sua transformação, ela espera pelo momento seguinte como quem poderia esperar os séculos. Feliz feliz com seus vazios lindos.
Quanto a mim, ao terminar essa escrita, percebo com muita clareza que há pedras de-cor-rosa em minha mão. São falsas e de plástico, bem como Rita, mas estão incrustadas.
Seriam glóbulos de sangue dissolvidos na brancura que é Rita para mim?
Sabe-se lá.

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