[a função da poesia é] é alimentar o espírito do homem, fazendo-o desembocar no cosmo. Basta rebaixar nossa pretensão de dominar a natureza e elevar nossa pretensão de fazer fisicamente parte dela para que a reconciliação tenha lugar. Quando o homem se orgulhar de ser não somente o lugar onde se elaboram as ideias e os sentimentos, mas também o nó em que eles se destroem e confundem, então estará pronto para ser salvo. A esperança está portanto numa poesia pela qual o mundo invada a tal ponto o espírito do homem que ele venha a perder a palavra, depois reinvente um jargão. Os poetas não têm de modo algum de cuidar das relações humanas, mas de ir de cabeça até o fundo do poço. A sociedade, aliás, se encarrega muito bem de empurrá-los, e o amor das coisas de mantê-los ali; eles são os embaixadores do mundo mudo. Enquanto tais, balbuciam, murmuram, afundam na noite do logos – até que, enfim, se encontrem no nível das RAÍZES, onde se confundem as coisas e as formulações.
É por isso que, seja qual for a que trazemos em nós, a poesia tem muito mais importância do que qualquer outra arte, qualquer outra ciência. É por isso também que a verdadeira poesia não tem nada a ver com o que se encontra hoje nas coleções poéticas. Ela é o que não se dá por poesia. Ela está nos rascunhos sobre os quais se aferram os maníacos desse mergulho. É a beleza do mundo, enfim, sem dúvida, que nos faz a vida tão difícil. Difícil? Ela é o impossível que dura.
É por isso que, seja qual for a que trazemos em nós, a poesia tem muito mais importância do que qualquer outra arte, qualquer outra ciência. É por isso também que a verdadeira poesia não tem nada a ver com o que se encontra hoje nas coleções poéticas. Ela é o que não se dá por poesia. Ela está nos rascunhos sobre os quais se aferram os maníacos desse mergulho. É a beleza do mundo, enfim, sem dúvida, que nos faz a vida tão difícil. Difícil? Ela é o impossível que dura.